quarta-feira, 21 de abril de 2010

A Missão do Brasil na Cristianização do Mundo


O Espiritismo, codificado por Allan Kardec na segunda metade do século XIX, motivou a criação de grupos em toda parte, mas em nenhum país se constituiu um movimento organizado como aconteceu no Brasil. E, quando percebemos o objetivo grandioso da Doutrina Espírita, que é a reeducação do homem com base nos princípios ético-morais do Evangelho de Jesus, constatamos a importância do papel que nos está reservado no cenário mundial.

Vivemos tempos de perspectivas sombrias quanto ao futuro. Não nos parece fácil o caminho do entendimento entre os homens, divididos por interesses materiais, por preconceitos de raça e crença, por fanatismo de toda ordem. O ímpeto de agressividade que mora dentro de cada um parece que se potencializa, criando o tempo todo motivos para conflitos e guerras. Mas está prevista uma nova era, na qual o mundo de provas e expiações que conhecemos dará lugar ao mundo de regeneração, com predominância do bem sobre o mal. Para que isso ocorra, contudo, será necessário muito esforço, no sentido de reformular as instituições e reeducar as criaturas que aqui habitam. Não são ações improvisadas e isoladas que conseguirão atingir esse objetivo, ao contrário, percebe-se a necessidade de uma organização, em que os esforços idealistas sejam conjugados.

Do ponto de vista espírita, indivíduos, sociedades e povos têm tarefas definidas no plano divino para a humanidade. A História comprova que, ao longo do tempo, determinadas nações exerceram papéis de relevo na construção dos destinos do mundo. Destaca-se, em primeiro lugar a Grécia, berço da filosofia; depois, Roma com as bases do Direito; mais à frente a Península Ibérica, notadamente Portugal e Espanha, nos descobrimentos; adiante, a França com os Direitos Humanos e a Grã-Bretanha com os esforços de colonização e incremento da cultura; nos tempos modernos, a Rússia e os Estados Unidos, dividindo as glórias das conquistas tecnológicas.

Segundo as informações espirituais, no continente americano, desde seu descobrimento, o Brasil vem recebendo as atenções das iluminadas entidades que respondem pela direção da Humanidade, para que se constitua aqui uma nova mentalidade capaz de fazer imperar a fraternidade entre os homens. Talvez isso explique o fato de que a Doutrina Espírita, codificada na França, somente aqui tenha encontrado o clima propício ao seu desenvolvimento. Quando percebemos o número de pessoas engajadas ao movimento espírita, apesar de todos os fatores contrários que se apresentam na história do movimento, tais como: preconceitos, perseguições, divulgação precária, ausência de recursos, divisões internas, ficamos convictos de que há uma força maior que interfere e cria as condições para a superação das dificuldades, e, assim, a missão do Brasil vai se definindo, a cada momento, ante os nossos olhos. Cabe ao povo brasileiro contribuir para que se instalem os valores espirituais que constituirão a civilização do futuro.

Quando Humberto de Campos, pela psicografia de Chico Xavier, escreveu “Brasil – Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, intencionou, certamente, conscientizar-nos do projeto que está delineado no Mundo Maior acerca dos nossos destinos. Muito se tem discutido e polemizado em torno disso e as pessoas se fixam em pontos superficiais, sem perceber a essência da proposta do grande escritor. O livro é um chamamento. Pela linguagem literária, recria-se o espaço ficcional em que podemos movimentar-nos, viajando por lances da História, de uma maneira nova e criativa, pela percepção de que os homens são instrumentos, mais ou menos ajustados, das forças espirituais que nos cercam, podendo contribuir ou não para que se consolidem as metas previstas pelos Espíritos Superiores.

Cabe-nos, pois, se já conseguimos superar as amarras culturais, para entender a missão que cabe ao nosso povo, trabalhar pela criação da base cultural indispensável aos tempos novos. Isso significa abarcar um grande número de ações, desde o esforço de alfabetizar criaturas marginalizadas socialmente pela ignorância, ao trabalho de difundir as mais elaboradas idéias científico-filosóficas que compõem a Doutrina Espírita. E fazer isso tudo concomitantemente ao empenho pela nossa própria educação à luz do Evangelho do Cristo.

O desafio é gigantesco, mas toda grande jornada começa com o primeiro passo. A nós do movimento espírita organizado cabe dar esse primeiro passo que, sem dúvida é, fortalecer o ideal de unificação do movimento espírita, compreendendo na organização federativa o programa ideal de desenvolvimento da cultura espírita. Grandes pioneiros nos antecederam, facilitando o nosso caminho e louvamos a sabedoria dos desígnios divinos que, nas épocas certas, vem possibilitando o revigoramento do ideal da fé raciocinada, para que a religiosidade que caracteriza o povo brasileiro tenha uma aplicação mais ampla na construção do porvir.

Como indivíduos, precisamos cuidar de muitas coisas relacionadas à transitoriedade da vida material, mas já sabemos que somos Espíritos imortais com objetivos muito mais amplos. Isso nos coloca diante da contingência de gerenciar bem o tempo que nos cabe, para desenvolvermos o trabalho que de nós esperam nossos mentores. Sem essa determinação, o Brasil não cumprirá a missão que lhe cabe, porque não existe um ser chamado Brasil, que possa agir. Nós somos o Brasil, nós, o povo, agindo organizadamente e coletivamente. Fechemos, pois, com Emmanuel: “O problema do mundo inteiro não é mais de ciência, mas de consciência; e, para atingirmos esse elevado desiderato, necessitamos colocar, como nas leis naturais, o coração generoso entre o estômago e o cérebro.”

Dalva Silva de Souza

Fonte: Site Irc-espiritismo em 17/01/2006 - www.irc-espiritismo.org.br